REDE - Associação para a Dança Contemporânea

29/04/2023 Dia Mundial da Dança

E HOJE, DANÇAMOS? Dançamos todos os dias, para lá do dia 29 de Abril.

O Dia Mundial da Dança assinala nos nossos calendários uma chamada de atenção sobre a relevância da Dança presente nas mais diversas formas nas nossas vidas. A DANÇAR TODOS OS DIAS. CADA DIA UMA DANÇA. Uma dança onde se inclui todo o ser-humano e todo o ser-vivo. Um movimento que além de ser constante como o do Planeta Terra também se integra no ecossistema que o abriga. Uma dança de muitos e em conexão. Juntos, profissionais, não profissionais, semi-profissionais, interessados, praticantes, espectadores, público frequente ou menos assíduo, intergeracional, inclusivo e consciente em cada passo tanto no ofício, na prática e no acesso a esta.

DANÇA EM REDE. A REDE, associação para a dança contemporânea em Portugal, junta 44 estruturas de dança espalhadas de Norte a Sul. Pela primeira vez desde a sua constituição em 2004, abrirá a possibilidade de filiação a artistas e profissionais de dança individuais porque considera cada vez mais importante a inclusão e a diversidade. Contas feitas, a REDE completará 20 anos em 2024. Apesar de jovem adulta, já acompanhou diferentes processos de batalha e sobrevivência do meio profissional onde nos inserimos, no fazer e desenvolver a Cultura e as Artes em Portugal. Nos seus primeiros textos observa-se a menção à discussão sobre diferentes temáticas, como o Apoio às Artes, Estatuto Profissional, Rede de Cine-Teatros, Formação Profissional, Descentralização, Internacionalização e necessária comunicação interministerial. 20 anos quase passados e ainda continuamos a trabalhar e lutar com pouco retorno de muitos destes assuntos, apesar de se terem já verificado avanços em algumas áreas. Muito por fazer, muito para caminhar ainda.

OU VAI OU DANÇA. Vimos estruturas profissionais que se deterioraram, desapareceram, ficaram desamparadas. Vimos colegas que desistiram. Por outro lado, novas estruturas e novos movimentos e práticas de dança foram surgindo neste arco de tempo. Por todo o território nacional em conjunto numa rede de atenção e afetos, de interajuda, apesar das diversas carências de meios, fomos disseminando e estabelecendo diálogo com comunidades e público, através da criação, apresentação e da formação. Porém, continua a ser urgente olhar para este lugar como um lugar ainda intermitente e fragilizado. Continua a ser urgente sublinhar, apoiar e consolidar relações sociais e políticas que conduzam à viabilidade, continuidade e visibilidade da dança contemporânea em Portugal. Continua a ser urgente que o Estado assuma e se comprometa no investimento nas Artes e na Cultura como sendo essencial ao desenvolvimento social e económico do país e a sua sustentação, como um encargo natural do Estado, ao lado da Saúde, Educação e Defesa. Continua a ser importante melhorar instrumentos de financiamento e respetivos calendários de execução e não colocar constantemente em causa o desenvolvimento de estruturas e projetos profissionais no território.

E TU TAMBÉM DANÇAS? A vida cultural ativa de um país depende de uma visão estratégica para o setor que integre património e criação artística contemporânea e que torne as Artes e a Cultura presentes no quotidiano da população. A democratização da prática coreográfica e da atividade criativa cruza gerações, áreas geográficas e de formação, imaginários, objetivos. Cruza formas de organização, de fabricação, de estruturação da produção. Continuamos a lutar pelo reconhecimento, pelo respeito da sua singularidade. Continuamos a tentar erradicar a precariedade das suas condições de trabalho e a prejudicial descontinuidade provocada pela falta de uma política cultural consequente e dinamizadora. O fortalecimento do tecido criativo tem sido possível através da sua capacidade de conexão, de ligação e da permeabilidade das estruturas, que funcionam muitas vezes como plataformas de criação e difusão. Continua a ser um foco alcançar condições mais estáveis para o desenvolvimento da nossa atividade. Continuamos a lutar para reduzir a distância entre os organismos responsáveis pela Cultura e a realidade socioprofissional da nossa atividade.

DANÇAMOS JUNTOS. Um número considerável de artistas que desenvolvem o seu trabalho neste território, numa multiplicidade de abordagens, de metodologias de trabalho, de relações com o meio, com a comunidade onde se inserem, de relações com a história e com a prática coreográfica, continuam a acreditar num presente e futuro melhores colocando todos os seus esforços para a evolução e continuidade das suas criações.

A dança contemporânea portuguesa está viva, porém necessitamos que todos se mobilizem para a sua existência ser cada vez mais respeitada e aclamada como uma necessidade para o desenvolvimento e libertação do ser humano num universo de consumismo. Esta dança que é de todos, caracteriza-se pela sua unicidade, plasticidade, diversidade, reinvenção, reflexão e capacidade de cruzamento de linguagens. É exatamente esse fluxo, produtor de discursos críticos atentos e responsáveis, que cria um campo de análise e diálogo permanente tanto a nível artístico como no que respeita a políticas culturais, sociais e humanas. Assim, continuaremos para manter, fortalecer e estabelecer este diálogo vital diariamente. Queremos continuar juntos para lá deste dia, 365 dias por ano. DANÇAS COMIGO?

Nota: Este texto foi inspirado e elaborado, partindo de uma leitura atenta de anteriores comunicados da REDE desde a sua constituição em 2004.


AGENDA - 29 ABRIL 2023 / ASSOCIADOS DA REDE

Balleteatro || Pondo rezas nos lábios, de Isabel Barros & Carlos Guedes // Corpo+Cidade 2023, Varais da Afurada, Vila Nova de Gaia, 15h

Companhia Instável ||Timber, de Roberto Olivan, Auditório Municipal do Fórum Cultural do Seixal, 21h30

Companhia Olga Roriz ||A hora em que não sabíamos nada uns dos outros, de Olga Roriz, Cineteatro Louletano, 21h

EIRA ||Visita guiada à exposição “Francisco Camacho 1982/2022 – À Volta da Dança: Rastos e Presenças”, Museu Nacional do Teatro e da Dança, Lisboa, 15h

Materiais Diversos || Um gesto que não passa de uma ameaça, de Sofia Dias & Vítor Roriz // ciclo O que (te) diz a dança? 2023, Teatro Municipal de Ourém, 21h30

NDAPA/ Casa da Dança ||Ai, ai, ai, de Marcelo Evelin // Transborda, Fórum Municipal Romeu Correia, Almada, 21h

Nome Próprio ||Porque é infinito, de Victor Hugo Pontes, Teatro Virgínia, Torres Novas, 21h30

Nuisis Zobop ||Onde Está o Relâmpago que Vos Lamberá as Vossas Labaredas, de Joana von Mayer Trindade e Hugo Calhim Cristóvão // Festival Abril Dança, Teatro Académico Gil Vicente, Coimbra, 21h30

Quorum Ballet ||Romeu & Julieta, de Daniel Cardoso, Teatro Municipal de Vila Real, 21h

Sofia Dias e Vítor Roriz || Sons mentirosos misteriosos, de Sofia Dias & Vítor Roriz, Espaço do Tempo, Montemor-o-Novo, 16h

Comunicado conjunto sobre o Estatuto dos Profissionais da Área Cultura || Maio de 2023

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